Medidas de higiene e segurança, reposição de produtos em horários alternativos e a mudança de comportamento do consumidor, foram algumas das questões que o Covid-19 trouxe para o cenário do consumo. Outros tantos hábitos tendem a se transformar também, como o consumismo exagerado, a forma como escolhemos onde morar e até em como nos relacionamos com quem está próximo a nós, seja a família, os colegas de trabalho, os vizinhos e até mesmo o comércio de bairro.
De acordo com uma pesquisa da NZN Intelligence, 71% das pessoas entrevistadas apontam que pretendem aumentar o volume de compras online a partir de agora. Empresas especializadas em pesquisa de mercado mostram a mudança no carrinho de aquisições dos indivíduos: já fomos da busca desenfreada pelo álcool em gel, desinfetantes e papel higiênico, ao estoque de comida, à procura por jogos, entretenimento e educação e até mesmo produtos como máquinas de cortar o cabelo para fazer as vezes dos salões fechados.
Nunca a ação de influenciadores e a relação com as marcas e seus propósitos foi tão vigiada, a exemplo do case envolvendo a influenciadora digital Gabriela Pugliesi e os contratos cancelados pela pressão social.
Aos poucos as autoridades locais começam a falar e expor suas ideias e seus planos para retomarmos a rotina livres em sociedade e um novo normal criado por essa situação sem precedentes terá que ser vivenciado e considerado pelas marcas.
Diante disso, como se manter em evidência? Como chamar a atenção do consumidor nessa nova cena? Falamos com Stenio Souza, CEO da Smollan iTrade, empresa de soluções para o varejo, e presidente do comitê de trade marketing da Associação de Marketing Promocional (AMPRO), para indicar alguns caminhos para o varejista que já são visíveis a olho nu.
“Se levaríamos décadas para passar e aprender tudo o que se passou em, no máximo, dois meses, agora vamos precisar aprender a atuar com o que chamávamos de tendência no hoje”, explica Stenio, para quem o cenário abre perigos e oportunidades no âmbito do marketing e do consumo. “O que determinar um outro será a capacidade de agir e demonstrar ações diante das adversidades”, diz.
O especialista listou para nossos leitores as três condições essenciais para que os empreendedores sigam em frente em seus negócios quando o comércio voltar à normalidade. Confira a seguir:
Invista no digital e reformule o canal offline
Com as medidas de isolamento social, a maioria dos comércios físicos foi obrigada a fechar as portas e, com isso, grande parte da população começou a aderir ainda mais (ou pela primeira vez) às compras pelo e-commerce. E não foi só. Outros serviços que até então eram tidos apenas como presenciais, como uma consulta médica, passaram a acontecer por meio da tela.
É possível que, depois que essa situação amenizar, os consumidores encarem como uma pressão desnecessária ter que voltar e adotar hábitos antigos e que promovem a aglomeração. “Da mesma forma que os eventos estão se reinventando é preciso pensar em formatos online para qualquer que seja o entregável do seu negócio”, pontua Souza.
Entretanto, na visão do especialista, por conta da privação prolongada de convívio cara a cara no mesmo espaço, continuará a haver demanda para as interações pessoais com as marcas. Por isso, é recomendável começar desenhar estratégias, especialmente para os locais fechados, que passem ao cliente a sensação de segurança. Possíveis caminhos são a digitalização do atendimento e a facilitação de pontos de atrito como filas.
Mostre o que a sua marca está fazendo para ajudar o mundo
Uma pesquisa recente da Kantar mostrou que mais de 80% das pessoas concordam que as marcas precisam comunicar seus esforços para enfrentar a situação da pandemia e sobre como podem ser úteis nesse novo dia-a-dia, assim como evitar explorar a situação do coronavírus para promover suas marcas. Além disso, a população espera diferentes posicionamentos delas em relação ao coronavírus.
Quando questionados, 25% dos entrevistados afirmaram que os anunciantes devem servir de exemplo e guiar a mudança de comportamento das pessoas em torno da prevenção; outros 21% falam que a marca precisa ser prática e realista e ajudar os consumidores no dia-a-dia; 20% gostariam que elas dessem força no sentido de mostrar que a crise pode ser derrotada; 18% pede para que elas usem seu conteúdo para explicar e informar; 11% conta com elas para reduzir a ansiedade ao focar sua comunicação nas necessidades dos consumidores e, por último, 3% espera uma comunicação não convencional e otimista.
“É preciso reinventar não apenas a forma de trabalho para estar disponível para os clientes em um formato remoto, mas também ajustar o discurso, a linguagem, os conteúdos”, Explica Stenio.
Trabalhe com campanhas de incentivo aos promotores que estão no campo
Tudo mudou tão rápido e de maneira compulsória que existe uma tendência de que as pessoas optem por conseguir manter o mínimo de normalidade ao qual estavam acostumadas. E isso inclui coisas corriqueiras como não mudar a marca daquilo que consome por remeter à sensação de conforto diante do caos. Então, para lidar com isso, é preciso criar muito mais estímulos para conquistar uma base maior de consumidores.
Nesse sentido, os promotores de vendas se tornam ainda mais estratégicos – seja para repor os itens na linha de frente do consumo ou ainda para expandir a visibilidade dos produtos. Stenio Souza sugere, então, repensar os programas de incentivo, ferramenta bastante usada para fazer o ecossistema de vendas girar, mas que, em geral, não privilegia esse profissional de campo.
Com muitas marcas reduzindo suas equipes é um ótimo momento para fazer diferente e maximizar a eficiência da função. “Aproveitando que alguns concorrentes não estão fazendo esse investimento nos espaços físicos, há uma maior abertura para pontos extras e para os promotores conquistarem mais espaços ou ponta de gôndola, por exemplo”, diz Souza.
FONTE: CNDL
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